A verdade sincera sobre onboarding que ninguém quer admitir: como a obsessão por experiência perfeita está destruindo recursos e criando expectativas impossíveis
Se você chegou aqui procurando mais uma receita de bolo sobre onboarding perfeito, pode fechar a aba. Este artigo vai estilhaçar suas ilusões sobre customer success.
Vamos começar com a realidade: você, desenvolvedor, vai ser cobrado para implementar sistemas de onboarding impossíveis. Vai passar meses criando fluxos complexos, automações sofisticadas e dashboards bonitos para um processo que fundamentalmente não funciona. E quando der errado (porque sempre dá), a culpa vai ser da "implementação técnica".
Chegou a hora de destroçar os mitos que sustentam essa indústria de consultoria em customer success:
Realidade: A maioria das pessoas cancela por preço, não por experiência ruim de onboarding. Você pode ter o onboarding mais lindo do mundo, se o produto não resolve o problema real ou custa caro demais, o cliente sai. Simples assim.
Realidade: Não existe automação humanizada. Existe automação ou existe contato humano. Aquele e-mail "personalizado" que demora 3 meses para programar engana exatamente zero pessoas. Todo mundo sabe que é robô mandando.
Realidade: Cliente não segue jornada. Cliente faz o que quer, quando quer. Aquele fluxograma lindo com 47 etapas que você passou 2 semanas desenhando? 85% dos usuários vão pular direto para o que interessa e ignorar todo o resto.
Realidade: Os primeiros 30 segundos são críticos. Se o produto não entrega valor imediato, já era. Ninguém tem paciência para tutorial de 15 passos e e-mail de "dicas" por um mês. Resolve o problema agora ou perde o cliente.
Vamos falar sobre o elefante na sala: a indústria de customer success virou um teatro caro onde todo mundo finge que métricas complexas e processos elaborados vão magicamente transformar produtos mediocres em sucessos retumbantes.
Time to value, activation rate, feature adoption, user journey completion... 90% dessas métricas são vanity metrics criadas para justificar o emprego de analistas que não conseguem medir o que realmente importa: o cliente está pagando feliz ou não?
Revenue Churn Rate: Quantos % da receita você perde por mês.
Todo o resto é teatro. Se a receita está crescendo, o onboarding está funcionando. Se está caindo, não importa quantos e-mails automáticos você manda ou quantos pop-ups de boas-vindas você criou.
Mas isso é simples demais para justificar consultorias de R$ 100.000 e times inteiros de customer success, né?
Quer saber como fazer onboarding que realmente funciona? Pare de complicar:
Passo 1: Cliente paga → recebe acesso imediato → consegue usar sem ajuda
Passo 2: Se tiver dúvida → encontra resposta rápido ou fala com humano
Passo 3: Produto entrega valor prometido → cliente fica feliz → continua pagando
Se você é desenvolvedor, vai ser pressionado a implementar sistemas cada vez mais complexos de onboarding. Se é empreendedor, vai ser convencido a gastar fortunas em consultoria de customer success. Em ambos os casos, você está perdendo tempo e dinheiro resolvendo o problema errado.
Não é "como melhorar nosso onboarding?" A pergunta certa é: "nosso produto é bom o suficiente para as pessoas quererem continuar usando mesmo com onboarding ruim?"
Se a resposta é não, nenhum processo de boas-vindas do mundo vai salvar você.
"O melhor onboarding é não precisar de onboarding. O segundo melhor é resolver o problema do cliente em 30 segundos."