Por que ensinar programação do jeito errado atrapalha empresas
A cultura de complicar o simples está formando desenvolvedores despreparados e prejudicando a produtividade em empresas reais. Entenda o que está acontecendo.
Por que isso é importante
A forma como novos desenvolvedores estão sendo instruídos pode gerar mais problemas do que soluções. Refatorações feitas com IA, sem contexto nem compreensão real do projeto, criam sistemas difíceis de manter, impactam negócios e expõem a fragilidade de processos em empresas pequenas.
Quando ensinar o complexo vira armadilha
Muitos cursos prometem formar desenvolvedores rápidos e prontos para o mercado ensinando os padrões mais sofisticados existentes. O problema? Eles ensinam essas técnicas como verdades absolutas, sem contextualizar, avaliar alternativas mais simples ou considerar a experiência do aluno.
Refatoração sem responsabilidade
Ao colocar código em uma IA com base em comandos que viu em um vídeo, o Dev Júnior do caso simplesmente substituiu uma solução funcional e de fácil manutenção por uma arquitetura tão cheia de camadas que ninguém mais conseguiu dar manutenção no projeto.
❌Atenção
Refatorar com IA sem entender o propósito do sistema pode causar prejuízos incalculáveis para a empresa.
O problema começa com a formação
A base de tudo isso está nos cursos que complicam conceitos simples. Ensinar strategy pattern para decidir entre dois caminhos diferentes em vez de um simples if-else não é elevar o nível do aprendizado, é confundir o iniciante. Isso gera desenvolvedores emocionalmente despreparados, porém confiantes demais. Foi essa percepção sobre a importância de uma base sólida e prática que me levou a criar o CrazyStack e, em particular, o curso de Node e React, focado em preparar desenvolvedores para os desafios reais do mercado, sem complexidade desnecessária.
Ambiente sem boas práticas acelera o impacto
Esse tipo de formação só vira um prejuízo real quando está aliado a empresas sem boas práticas de desenvolvimento: sem code review, sem esteira de deploy, com commit direto na master e com desenvolvedores sozinhos tomando decisões críticas de arquitetura em produção.
Empresas pequenas são as mais expostas
Negócios menores têm times enxutos e geralmente confundem níveis de senioridade. Com um contratado e um prestador, às vezes um Dev Júnior tem autonomia total sobre o deploy. A cultura de "se tá rodando tá bom" transforma pequenos exageros técnicos em dores graves.
⚠️Atenção
Não revisar código de Dev Júnior é um risco crítico. Pode parecer que nada quebrou – até a manutenção virar um problema.
Experiências que te preparam para o caos
Muitos devs que vêm de ambientes "raiz", com deploy via FileZilla, sem Git, versionando código com .old e .zip, hoje enxergam valor em processos. Ter sofrido para colocar um sistema no ar te prepara para lidar com restrições e imprevistos – algo que quem aprendeu apenas com teoria nem imagina como resolver.
Refatoração: ganho ou perda de tempo?
Um código que antes levava dois minutos para ser alterado agora exige entendimento de múltiplas camadas de abstração, libs desconhecidas, arquivos importados dinamicamente e mudanças em disco. O trabalho da IA era bonito, mas trouxe complexidade desnecessária e matou a produtividade.
ℹ️Atenção
Soluções refinadas devem ser aplicadas somente quando agregam valor real ao projeto. Não complique por vaidade técnica.
O impacto real da abstração sem critério
Abstração em código é como casa de aposta: se você não souber usar, vai perder dinheiro. Reescrever lógica fácil em architecture patterns só por ser "clean" pode custar tempo e esforço sem nenhum benefício prático.
Quem é o culpado?
O Dev Júnior não tem culpa. Ele foi treinado assim. O verdadeiro erro é de quem vende complexidade como única solução e não prepara o aluno para os desafios reais de um sistema funcionando em produção. Assim, ele aplica o que aprendeu – o errado camuflado de certo.
Melhor prevenir do que refatorar tudo
Evitar problemas como esse exige: processos claros, revisão de código antes do merge, deploy com responsabilidade e treinamento prático voltado para situações reais, não apenas para seguir boas práticas superficiais.
Refatorar é importante, mas não sozinho
Refatoração não é mágica. Ela exige entendimento profundo do projeto, alinhamento com a equipe e testes minuciosos. Jogar código em IA e aceitar o resultado como uma evolução estrutural beira a irresponsabilidade técnica.
Quando a engenharia depende só do Júnior…
Se sua empresa não tem esteira de QA, staging, DevOps básico nem equipe mínima para revisar código de dados sensíveis, então não é o Dev Júnior que está em falta – é seu modelo de desenvolvimento que já nasceu quebrado.
Existe valor no caos
Trabalhar em empresa raiz te ensina mais do que apenas código: te ensina a fazer o necessário com o que tem. E isso vale muito mais na prática do que saber 15 patterns que você nunca usou num sistema que alguém precisa manter.
Evite a complexidade precoce
É hora da indústria reconhecer: ensinar o simples bem feito é mais desafiador do que despejar design patterns sobre iniciantes. Menos glamour, mais clareza. Essa é a base para equipes eficientes e sistemas com vida longa.
O papel da liderança técnica
Tech leads precisam olhar com cuidado para decisões em produção: se tem dev emocionado no time, ofereça direcionamento e acompanhamento. Não é sobre reprimir, é sobre construir maturidade técnica junto da cultura da empresa.
O que aprender com isso tudo?
As empresas precisam equilibrar autonomia com responsabilidade. Dar autonomia total sem garantir maturidade é pedir para o sistema virar um campo minado. E se isso ainda não aconteceu com seu projeto, agradeça – mas antecipe-se.